domingo, 21 de outubro de 2007

Alguém assistiu ao filme "INVASORES"?

Gostei.
Acho que, no fim das contas, o filme se resume a seguinte pergunta:
"Será que desejamos ser 'melhores' ou humanos?"
Quem assistiu vai entender a pergunta.
Pra quem não assistiu, acho que o filme, de uma certa forma, se assemelha ao livro "Admirável Mundo Novo", do Huxley, onde as pessoas vivem em "paz" (paz controlada e programada, claro) umas com as outras. No filme, os humanos que entram em contato com uma infecção alienigena sofrem mutação genética e viram seres "melhores", que vivem em paz. Essa tentativa de "repopulação" mundial resultaria, de acordo com os próprios mutantes, num mundo sem guerra, mais "evoluido". Tem uma cena de um jantar bem chique, onde a nata dos cientistas conversa sobre evolução e sobre como a história da humanidade é marcada por guerras, atrocidades, enfim, sobre como o "ser humano" (“ser” tanto no sentido de verbo quanto de substantivo) é auto-destrutivo e fragmentado. A proposta dos ETs é fazer com que as pessoas vivam em perfeita harmonia, como uma grande e pacífica comunidade. As pessoas, ao sofrerem a mutação, ficam supostamente melhores, pois ficam apáticas, ou seja, em um mundo onde a apatia reina, não há competição e, portanto, não há guerra. O problema é que os humanos que ainda não sofreram mutação ficam muito revoltadinhos com os ETs sinistramente pacíficos. Os ETs não agridem ninguém (apenas cachorros, que aparentemente são ET-fóbicos) e calmamente tentam convencer suas vítimas que ser ET é ser melhor. Até a mim eles convenceram. O mais legal é que, depois do rolo todo, os experts da ciência descobrem uma vacina contra a infecção alienigena e uma repórter pergunta “Como poderemos saber se as pessoas estão realmente curadas?” e o cientista diz “Leia os jornais”. A nossa “humanidade” transparece nas notícias de guerra, de assassinatos, de competição. A guerra do Iraque é mencionada tantas vezes, seja através de diálogos ou de notícias, que eu cheguei pensar que o diretor suspeitava da capacidade do espectador de captar a mensagem. “Sim, nós entendemos que você quer dizer que a nossa humanidade nos levou a esse ponto”, dá vontade de dizer.
Bem à lá “Guerra dos Mundos”, o cientista afirma que os organismos alienigenas não apresentam grande resistência aos não-sei-o-quê da terra e, portanto, morrem fácil. Assim, a raça humana foi curada dessa “maldosa” infecção que prometia nos salvar de nossa própria humanidade.
O filme nos remete ao questionamento que fiz no começo...será que queremos um mundo “melhor” ou um mundo mais “humano” (pq, convenhamos, a palavra humanidade perdeu o sentido há muito tempo). O nível de atrocidades a que chegamos nos faz pensar se realmente existe uma humanidade...não é mesmo? Números são apenas números. 86 civis morreram no Iraque hoje. Ou foram 68? Importa? Você se lembra da quantidade? Você sequer presta atenção? A monstrosidade da nossa situação é tão surreal que nada mais nos choca de verdade e, se choca, o faz por segundos apenas. É um raio de epifania e, dentro de poucos momentos, voltamos à escuridão. Ai, ai...apenas algumas reflexões de domingo causadas por um filme decente e, de uma certa forma, repetitivo.

2 comentários:

Eduardo Nozari disse...

quem me dera conseguir fazer toda essa análise. é isso que me falta.
mas não vi o filme.

esse não é aquele com a Kidman, refilmagem daquele outro, das vagens gigantes?

Anônimo disse...
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